Você já reparou em alguma briófita durante o seu dia? Provavelmente não, pois esses pequenos organismos geralmente passam despercebidos no nosso cotidiano. Uma de suas principais características é justamente o tamanho reduzido: raramente atingem mais do que alguns centímetros de altura. Apesar disso, as briófitas desempenham papéis essenciais tanto do ponto de vista ecológico quanto evolutivo.
As briófitas são organismos pioneiros, ou seja, são as primeiras plantas a colonizar áreas perturbadas, preparando o ambiente para que outras espécies possam se estabelecer. São importantes também no estudo da evolução das plantas terrestres, uma vez que na escala evolutiva, ocupam um lugar entre as algas verdes e as plantas vasculares.
No ecossistema, as briófitas ajudam a reter água, captam nutrientes das chuvas e servem de habitat para diversos animais. Elas também são excelentes indicadores de mudanças climáticas, pois reagem às variações ambientais, permitindo que cientistas monitorem o impacto do clima no planeta.
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse grupo fascinante, que é o segundo maior grupo de plantas terrestres, com cerca de 15.000 espécies descritas mundialmente. No Brasil, há aproximadamente 1.600 espécies, o que representa cerca de 11% da brioflora mundial.
As briófitas são plantas avasculares, ou seja, que não possuem vasos condutores de seiva (xilema e floema). No ciclo de vida dessas plantas ocorre uma fase dominante que é o gametófito (produz gametas) enquanto que o esporófito é a fase passageira que cresce sobre o gametófito, é dependente dele para sua nutrição.
Essas plantas crescem em diversos substratos, como troncos, rochas, solos e folhas. Também podem ser encontradas em ambientes modificados pelo homem, como paredes, telhados, muros, calçadas e até em superfícies urbanas de concreto e asfalto. Preferem locais úmidos, pois a água é essencial para a mobilidade dos gametas masculinos flagelados (anterozoides) durante a fecundação.
O termo "briófita" abrange três grupos morfologicamente e evolutivamente distintos: os antóceros (Anthocerotophyta), as hepáticas (Marchantiophyta) e os musgos (Bryophyta). No CaVG ocorrem espécies dos três grupos, sendo que a maior diversidade é de musgos. Vamos conhecer resumidamente cada um deles:
Antóceros (Anthocerotophyta) - Figura A
É o menor grupo, com cerca de 100 espécies. Geralmente crescem em locais bastante abertos, no solo ou rocha, ao longo de rios, em margens de estradas e em campos aráveis. O gametófito é sempre taloso, formando rosetas verde-escuras a verde-claras. O esporófito não possui seta e a cápsula é um cilindro alongado e verde. Quando os esporos estão maduros a deiscência da cápsula se dá do ápice para a base formando duas fitas.
Hepáticas (Marchantiophyta)
Esse grupo inclui cerca de 5.000 espécies que se desenvolvem preferencialmente em locais úmidos e sombreados. O gametófito pode ser folhoso, como ocorre na maioria das espécies ou taloso. Geralmente o gametófito taloso apresenta crescimento dicotômico. O esporófito maduro é composto por um pé expandido, que mantém conexão com o gametófito, uma seta e uma cápsula.
Musgos (Bryophyta) - Figura B
É o grupo mais diverso de briófitas com cerca de 9.000 espécies espalhadas pelo mundo. Os musgos são geralmente tolerantes à seca, mais do que as hepáticas, mas ocorrem principalmente em locais úmidos e/ou sombreados. Os gametófitos sempre são folhosos apresentando rizoide, caulídio evidente no qual estão dispostos os filídios de forma espiralada (característica usada para distingui musgos de hepáticas folhosas). O esporófito apresenta pé, uma seta que possui uma cápsula em sua extremidade, onde são produzidos os esporos.
Obs.: As espécies de briófitas registradas para o Câmpus Pelotas – Visconde da Graça (CaVG)/IFsul são nativas do Rio Grande do Sul.
Referências
ALMEIDA, J. S. S.; DIAS, N. S.; GRADSTEIN, S. R.; CHURCHILL, S. P.; COSTA, D. P. (Org.). Manual de Briologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2010.
COSTA, D.P.; LUIZI-PONZO, A.P. As briófitas do Brasil. In: FORZZA R.C. et al. Catálogos de plantas e fungos do Brasil. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, 2010. p. 62-69.




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